domingo, 29 de setembro de 2013

Premiação da Regata dos Arvoredos


A premiação da tradicional Regata Volta dos Arvoredos ocorreu neste último sábado, dia 28 de setembro, na sede do Iate Clube de Santos e contou com a presença dos velejadores e familiares em uma grande confraternização.


A regata teve apoio da Suunto, tradicional fabricante de relógios para esportes radicais. O comandante das equipes premiadas foram agraciados com sofisticados relógios da marca.

A abertura foi apresentada pelo Vice Comodoro do ICS, Jonas de Barros Penteado, que comentou sobre a história da regata. Sua primeira edição foi em 1958, incentivada pelo visionário Fernado Lee.

 Jonas de Barros Penteado, vice comodoro do ICS, na abertura da premiação.

Premiação

Devido as condições adversas de vento, somente três veleiros chegaram, todos da classe RGS A. Os veleiros premiados foram:
  • 1º  RGS - Rudá (First 40)
  • 2º  RGS - Mandinga (Carabelli 25)
  • 3º  RGS - H3+ (Farr 31)
Premiação da equipe do veleiro H3+.

Premiação da equipe do veleiro Mandinga.

Premiação da equipe do veleiro Rudá.

Premiação de destaque

Além destes, foi premiado como destaque o veleiro Goludo, comandado por Jefferson Neitzke. Foi um dos veleiros que navegou em solitário. Veja o relato do comandante em publicações anteriores deste blog. 

Premiação do veleiro Goludo.

Conheça a Ilha dos Arvoredos

Conheça mais sobre a Ilha dos Arvoredos no link http://the-rioblog.blogspot.com.br/2010/09/conheca-ilha-dos-arvoredos-realizacao.html.

Outra reportagem interssante é o vídeo de parte de um documentário apresentado pelo Programa Tudo de Bom, da Rede TV, apresentando a Ilha do Arvoredo pertencente à Fundação Fernando Lee que em convênio com a UNAERP realiza importantes experimentos científicos.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Arvoredos - Relato de um quase náufrago

Estava na minha terceira Regata dos Arvoredos. Nenhuma das anteriores (que estava em solitário) havia conseguido completar por exceder o tempo limite, mas desta vez tentaríamos fazer melhor (estava acompanhado do Renato). 
Começamos com o pé esquerdo; optamos por largar próximo à boia com balão, diferente de todos os demais competidores e o resultado foi o esperado: saímos muito atrás do último da fila! A desculpa seria: "não tinha como ver as bandeiras nem tínhamos certeza da contagem regressiva" - principiantes!. Estive por desistir várias vezes por falta de vento mas, de repente, dava uma brisa e ultrapassávamos alguém. 
A cada meia hora desistia alguém. Na Ilha da Moela ultrapassamos o Kalil e o Kiko e nos deu mais ânimo. Aquele balanço com pouco vento já me deixou mareado. Na Ilha de Cabras, que nunca chegava, meu arquirrival Kiko perguntou por rádio de iríamos desistir. Brincando respondemos que ele teria que desistir primeiro, pois estava atrás. Como não o fez (droga!!!) tivemos que continuar. Por fim avistamos Arvoredos. Bom, daí o Renato disse: "agora vamos até o fim". 
Eu não parava de falar "antes muito vento do que pouco vento" e por fim ouvimos os avisos de ventos fortes N/NO. Depois vim a saber que o tal vento teria sido um castigo de Deus pois todos os velejadores o estariam pentelhando. 
Lógico que naquele marasmos não rizaríamos as velas e quando chegou, o vento veio de través nos impulsionando a alucinados 9-10 nós para contornarmos a Ilha dos Arvoredos. Mantivemos certa distância da ilha por termos atravessado 2 vezes (o que talvez tenha sido favorecido por rizarmos apenas a genoa). O plano era passar por Arvoredos e contorná-la com uma orça aberta e retornar do mesmo modo. À frente estava um barco cujas cruzetas encostaram no mar (caracas!). 
Contudo, o vento rondou para nossa popa, acho que NO, quando soubemos que aquela orça pretendida seria impossível. O pequeno Grandpa ficou incontrolável e nos direcionou num través surfador em direção a Arvoredos. Tivemos que desistir. O motor demorou um pouco para pegar enquanto estávamos em rota de colisão. Não sabia se tinha pego ou não pois não conseguia distinguir seu barulho do vento e ondas. Finalmente deu certo e não chegamos a nos borrar. Tivemos que dar muita força ao motor para ter domínio no contravento e o Renato arriou a mestra no sufoco, sem cinto nem colete (outra falha nossa). 
Nos dirigimos com um barco azul (acho que o Super Bakanna), que estava com dificuldade em arriar a genoa que estava enroscada no estai, para atrás de um morro próximo ao Mar Virado. Lá perto tem uma prainha que teria encalhado um catamarã se o tivesse. Ficamos rodando por ali. 
Informamos à CR nossa posição. Entrei na cabine para contato telefônico e descobri que o touch screen não funciona se o touch estiver molhado, mas falei com o Mauricio Cassilhas e minha esposa Andrea, afinal eu iria me atrasar a um compromisso e se eu não morresse alí, certamente ela me mataria. Depois ela me contou que chegou a pensar que "pelo menos morreu fazendo o que gostava" - caracas, se for para morrer não gosto mais kkkkk. Ela que é uma pessoa que não vê nada como obstáculo insuperável, conseguiu contato com vários velejadores que eu nem conheço, Marinha, CIR e sei lá mais quem (não sei como em tão pouco tempo consegue fazer tantas conexões - mulher fantástica esta minha! 
Mas voltemos aos quase náufragos... O tal telefone ficou sem bateria e o meu segundo, de teclas para olhos de águia, ficaram invisíveis para mim sem óculos. Esta entrada na cabine não me fez nada bem agravando meu mal estar e acabei chamando o ugo. 
Pelo rádio ouvíamos: Crispin sem motor e rádio, Santeria sem motor e vela, Gitano com problemas, Depois viemos a saber: Meu Cantinho com mastro quebrado, Candão sem combustível... 
Após algum minutos de deliberação chegamos às seguintes opções: Bertioga dava para ir só de genoa surfando e chegaríamos rapidinho (o cartão do GPS deixou de funcionar e não tinha certeza das distâncias); jogar âncora por alí mesmo ou retornar quando o vento melhorasse um pouco. Ficamos com esta última opção, o tanque de combustível estava cheio e conseguíamos nos deslocar com segurança. 
Só tínhamos uma roupa de frio que ficou com o Renato (por ser mais idoso kkk, na realidade fico melhor no frio se estou mareado), mas passei a bater o queixo numa tremedeira desenfreada (de FRIO não de medo, afinal o pior já tinha passado kkk). 
O Renato tocou o barco e me escondi num canto e até dormi um pouco e fiquei bom de novo. Na Moela encontramos um herói que estava voltando na entrada do canal: o Jazz 4 puxando o Candão. Depois eu vim a saber que o capitão do Candão ficou enrolado nas velas na cabine, quentinho, enquanto os demais marujos estavam no frio ou vomitando (esse Kiko é uma figura !!KKK). 
A entrada na baia estava linda e nada denunciava o ocorrido a não ser quando chegássemos ao CIR e nos deparássemos com os estragos em alguns barcos. 
Uma lancha grande passou por perto com um holofote em busca dos perdidos e incomunicáveis pelo rádio - deveriam estar furiosos por não respondermos aos chamados - prometeram me "dar um rádio", vou cobrar! 
No CIR falei até com um tenente da Marinha que estava em nosso encalço acionado pela patroa. Ao chegar em casa não fui morto, ufa, mas fiquei frustado por saber que a aventura do meu filho Pedro Alves tinha sido mais empolgante que a minha, pois segundo ele " o vento estava muito mais forte canalizado entre as duas torres onde moramos e mal dava para ficar de pé...jogando sacos plásticos para cima que se prenderiam numa rede ... muito mais legal" kkk. 
Muito obrigado a todos que se preocuparam conosco !!!

Veleiro Grandpa

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Arvoredos - Relato de um velejador

Antes de entrar no verdadeiro relato do que aconteceu na regata, acho que vale a pena falar um pouco sobre a minha (pouca) experiência em navegação à vela. Eu adquiri o Goludo, um veleirinho oceânico, faz quase 2 anos. É meu primeiro barco e serve de escola para o que chamo de projeto “barco definitivo”. Desde pequeno sou ligado ao mar, meu avó era caiçara e motorista naval e meu pai foi mestre de barco de pesca quando jovem. Apesar disso, só consegui realizar meu desejo de ter um barco depois de muito tempo. Enquanto sonhava com esse dia, fiz cursos de vela, assisti documentários, li livros técnicos e romances e participei de vários grupos de discussão virtuais sobre o assunto. Três anos atrás fiquei sócio do CIR. Quem me recebeu de braços abertos foi o Raymond com quem tive o prazer de disputar algumas regatas antes mesmo de comprar o Goludo. E o Jera, lá do Inter é o faz tudo que sempre me dá uma mão quando preciso de um favor ou algum serviço.

O meu barco é um modelo Atoll de 23 pés (cerca de 7 metros) e já vai completar 40 anos. Apesar da idade, ele está muito bem cuidado, penso que foi uma sorte muito grande encontrar ele à venda já reformado e  justamente no CIR. Depois de comprá-lo, entusiasta que sou de eletrônicos, tratei de equipá-lo com uma monte de traquitanas. A minha habilitação atual é de Mestre Amador. Eu adoro velejar na companhia de amigos e familiares mas confesso que gosto na mesma medida de sair sozinho. Sou aprendiz, bem aprendiz mesmo, com toda humildade possível. Mas não sou nenhum orelhudo que caiu de paraquedas nessa de ser navegador.

A história da regata da Ilha dos Arvoredos começou pra mim em 2012 quando fui com o comandante Raymond no seu veleiro Pelikan. Nessa edição também fez parte da tripulação o Atila, comanda do veleiro Atrevida. Para um iniciante como eu não poderia ser melhor. A regata Volta da ilha dos Arvoredos é organizado pelo Iate Clube de Santos. É uma regata de percurso, com aproximadamente 20 milhas náuticas (37km) a serem percorridos em até 8h. Na ocasião a situação do tempo estava bem severa, com ondas de 2,5m e vento na casa de 20 nós (37km/h), se não me engano, durante toda a regata. O mar castigou o barco mas não muito a tripulação. A exceção foi um momento em que fui até a proa livrar a Genoa (vela de proa) e de repente me vi flutuando no ar. Tirando a pancada no pouso, não aconteceu mais nada. O barco, porém, teve que ir para manutenção.

Este episódio da regata 2012 para mim pareceu isolado. Parecia que a data da regata tinha caído em uma janela de tempo infeliz e que isso dificilmente aconteceria novamente. Mas aconteceu, e foi ainda pior. O que agora eu estou percebendo é que quando vamos velejar por lazer nós temos a opção de desistir diante de qualquer chance de dificuldade que o mar possa apresentar – até porque sempre temos alguma coisa para arrumar no barco, tarefa que pra mim é tão gratificante quanto velejar. Já em regata, a data é aquela, não tem muito o que pensar senão na tática diante da previsão do tempo e das marés. Concluindo, se fosse um dia de lazer eu não teria saído com o meu barco.

A previsão do tempo para a edição 2013 da Regata dos Arvoredos era clara, pelo menos pelo site do windguru: até 48 nós (!) na rajada de vento noroeste (aquele bem quente que vem de terra) logo pela manhã mas que no horário da largada já teria diminuído. Daí para o final da tarde e início da noite o vento iria rondar mas sempre fraco. Diante desse cenário eu já tinha quase certeza que não conseguiria finalizar a regata dentro do horário limite mas o tempo estaria bom e o que importava pra mim era a velejada. Fui então sozinho, pensando em deixar o barco leve e a cabeça livre para pensar na vida.

Na largada o vento parou quase por completo e alguns barcos ficaram boiando sem reação enquanto outros conseguiram despontar. O Goludo, é claro, ficou na dele, como que se recusando a ir para a disputa. Aos pouquinhos um ventinho fraco foi entrando e foi o suficiente para finalmente iniciarmos a regata. No percurso até a Ilha da Moela enfrentamos alguns momentos de total calmaria, com direito a tripulante de outro barco caindo na água para se refrescar. Enquanto isso, barcos e tripulações de ponta já sumiam no horizonte. De repente entrou um vento leste um pouquinho melhor e conseguimos chegar até a moela.

Eu e o Goludo até que estávamos indo bem. Eu pensava “vou chegar na moela na frente de alguns barcos! Hoje sim! Hoje sim... hoje... não.” Na minha santa estupidez de iniciante eu não sei se o vento miou novamente ou se entrei na sobra (de vento) da Ilha da Moela, mas o fato é que fiquei parado tentando entender se o vento vinha de um lado ou de outro da ilha enquanto meus colegas de pelotão já iam mais à frente em um bordo vencedor rumo à praia de pitangueiras.

Boiei muito ali. Cheguei a jogar a toalha. Almocei, bebi e mijei. Falei oi para uns golfinhos que, claro, me ignoraram. Mas pouco a pouco o Goludinho foi se livrando da ilha por fora. E de repente entrou mais um ventinho que variava de 7 a 10 nós (12 a 18km/h). A velejada voltou a ficar gostosa e pensei “será que agora vai?” Não, não foi. Nova calmaria. Nesse momento resolvi desistir da regata até porque não teria gasolina suficiente para voltar da Ilha dos Arvoredos se não houvesse vento. O relógio já marcava umas 16h e depois de uns 10 barcos terem pedido arrego pelo mesmo motivo, comuniquei minha desistência à CR (comissão de regata) por falta de vento. Enrolei a Genoa (vela de proa), deixei a vela mestra em cima e liguei meu fiel Honda de 5hp. Neste momento fiz um filminho que pode ser consultado aqui: http://www.youtube.com/watch?v=Gwy7qgckrQQ. Passei entre a ilha e o continente, onde estava a linha de chegada e dei um tchau para a CR.

Foi quando aconteceu. Mais à minha frente já iam uns 2 barcos também desistentes e eu os observava quando aquele mais à frente de repente inclinou e atravessou. Nuvens densas e brancas como algodão contornavam as montanhas à frente em velocidade e o mar ficou bem agitado. Corri e desci a mestra. Quando fui atingido pelo vento sudoeste tive dificuldade em manter o rumo mesmo a motor pois o vento vinha forte e bem de frente. O Honda foi acelerado ao máximo e mal dava 2 nós a toda aceleração enquanto o barco começou a lutar contra as ondas. Ficou claro pra mim que naquela situação que não teria tempo para chegar na ponta grossa com a quantidade de combustível que eu tinha levado.

Resolvi correr com o vento ao invés de enfrenta-lo e procurar algum abrigo. Havia um pesqueiro rumando para a Ilha da Moela e decidi fazer o mesmo e no caminho ainda cruzei com o veleiro H3+ velejando apenas de mestra rizada (diminuída) aparentemente com tudo sob controle. O H3+ é um veleiro típico de regata, bem maior e mais moderno que o Goludo e tem tripulação experiente. Ao me aproximar da parte oposta da Ilha da Moela percebi que a situação ali não estava nem um pouco melhor. Certamente a operação de lançar âncora naquelas condições de vento e mar, estando sozinho à bordo, me pareceu arriscada demais e abandonei a ideia. Voltei a correr com o vento, sem velas, e com o Honda apenas em “idle” (ligado mas sem estar engatado) agora em direção à península da praia da enseada.

O mar havia se transformado em um caos total e a noite começava a cair. Pelo autofalante do meu rádio no cockpit comecei a ouvir um sem parar de chamadas do Delta 21 pelos barcos e poucos respondiam. Outra estação (acho que Alpha 21) relatava problemas em diversas embarcações que participavam da regata e que estavam bem mais à frente de mim. Havia barco sem motor, sem hélice, sem gasolina. Outro a âncora garrava (arrastava) e várias ameaças de encalhe. Decidi então que deveria sair daquela situação velejando. Lembrei do H3+. E lembrei das discussões virtuais onde por diversas vezes o Arnaldo, mestre que confeccionou minhas velas, dizia que quando a situação aperta, o mais seguro é velejar. Me preparei então para subir a mestra rizada. Nunca tinha usado as velas nessa configuração e teria que fazê-lo nas piores condições possíveis.

Pelo menos eu havia preparado antecipadamente um kit de cabinhos para amarrar a sobra da vela que não iria subir. Apontei então o barco novamente na direção do vento e deixei o controle a cabo do meu piloto automático. Atropeladamente subi parte da vela mestra. Como não usei amantilho, a retranca ficou muito baixa, o que iria dificultar tremendamente as manobras dali em diante. Pior foi que o cockpit ficou perigoso demais com a retranca passando muito baixa a cada manobra. Daí em diante a cada bordo eu ficava concentrado na retranca e em não deixar a minha única manicaca ir para a água. Manicaca é a “manivela” que usamos nas catracas do barco para dar tensão nos cabos das velas.

A partir daí o barco começou a velejar um pouco, mas a velocidade ficou abaixo de 2 nós. Decidi então desenrolar um pouco da Genoa e daí o barco chegou perto de 3 nós. Naquelas condições, pra mim já estava bom. Eu rumava em direção à praia do tombo tendo a Ilha da Moela a bombordo (esquerda). A noite já havia caído. As chamadas no rádio ainda eram de arrepiar. Felizmente ninguém me chamou porque eu não teria como entrar na cabine para responder neste momento. Dei um bordo em direção ao canal que separa a Ilha da Moela do continente e ia acompanhando a evolução no GPS. Eu estava decidido a passar por ali, talvez por ter visto o H3+ passando por lá. O barco adernava terrivelmente e por vezes eu fiquei em pé na lateral dos assentos do cockpit.

Logo ficou claro que precisaria de alguns bordos a mais para terra para poder vencer o canal. A intenção era passar entre a ilhota do pau a pino e a costeira. Mas o barco derivava demais e quando me aproximei vi que não daria. Resolvi dar um bordo em direção à terra, mas o barco estolou e voltei à mesma direção. Daí soltei um f...-se se abri um pouco passando entre a ilhota e tendo o paredão da Ilha da Moela me ameaçando no bordo contrário. Qualquer coisa que desse errado neste momento poderia significar o fim do Goludo nas pedras da Ilha da Moela. Felizmente tudo deu certo e segui em direção ao mar aberto.

Durante todo esse tempo o meu medidor de vento dava 25 nós mas tenho certeza que era muito mais. O pessoal do clube comenta que chegaram a registrar 40 nós (cerca de 70km/h). A ondas deveriam ser enormes pois a todos momento eu era lavado no cockpit. A boca ficou seca devido à água salgada. Eu comecei a ficar fisicamente cansado mas a mente estava incrivelmente alerta. A cada momento eu repassava o que faria para cada uma das coisas eu achava que poderia dar errado. Só não sabia o que fazer caso o mastro viesse abaixo. Para esta situação eu iria avaliar no momento o que fazer.

Aos poucos a Ilha da Moela foi ficando pequena. Eu não sabia mais se o vento é que estava diminuindo ou se eu é que estava me acostumando com aqueles caos. O fato é que a minha Genoa tencionava e logo depois batia alucinadamente, provavelmente por causa do balanço. A mestra estava firme e com um shape bonito. Até agora não sei como a Genoa não rasgou. Foi chegando a hora de dar o bordo, quem sabe o derradeiro, em direção à ponta grossa. A manobra foi feita com perfeição, dado o contexto. Cheguei a me animar mas então comecei a ouvir um barulhinho agudo, do tipo daqueles sininhos de recepção de hotel. Eu sabia que não era coisa boa porque nunca tinha ouvido aquilo no meu barco. De repente um estouro de algo partindo. Foi-se o brandal de força, um dos 3 cabos de aço de bombordo que sustenta o mastro lateralmente. Pensei que seria o fim da luta e que o mastro deitaria.

Passados alguns segundos de perplexidade, não vi nada mais grave acontecer. Decidi então que era a hora de usar o motor. Aliviei a escota da mestra e enrolei a Genoa, aliviando o esforço no mastro. Chamei o Honda, que prontamente respondeu. Esgoelei o motorzinho e parti em velocidade alucinada em direção à ponta grossa. O barquinho agora subia as ondas e se estatelava lá embaixo. Mas o vento começou a ceder e ficou claro que o mastro não iria cair.

Eu usava um colete inflável manual e incrivelmente em nenhum momento senti medo de morrer, mas sim de perder meu barco. A bagunça dentro da cabine era inacreditável, tudo fora do lugar. Por vezes a bomba de porão era acionada mesmo sem água a bordo, pois o sensor do automático era levantado nas pancadas. Deixei o comando com o piloto automático (essa foi a aquisição mais fantástica para o barquinho) e finalmente fui ao rádio dar minha posição e situação. Comecei a pensar na gasolina, ou melhor, na falta dela. Eu havia saído com gasolina suficiente para um dia normal, não para aquelas condições. Na pior das hipóteses que iria ancorar nas proximidades do Sangava e esperar por ajuda. Mas o vento seguia diminuindo até atingir 3 nós na ponta grossa. A partir dali eu já me sentia são e salvo. Diminuí a rotação do motor ao mínimo e concluí que chegaria no clube “no cheiro”.

Ao adentrar no rio Icanhema e avistar o píer, minhas pernas começaram a fraquejar. Acho que era a adrenalina indo embora, não sei. Passei embasbacado pelo meu cantinho, um Delta 32 pés com seu mastro dobrado como se fosse de brinquedo. Aportei suavemente no píer do clube recebido pelo Willian que estava muito preocupado com a minha situação, principalmente por estar sozinho. Concluí que, no meu caso, foi melhor estar sozinho. Estar acompanhado, mesmo por algum tripulante experiente, teria diminuído ainda mais aquele cockpit já tão pequeno.

Depois do banho tomado, quando deitei na minha cama quentinha, ao lado da minha esposa, fechei meus olhos e me pus a pensar no que tinha vivido. Não conseguia dormir. Foi difícil acreditar que poucas horas atrás eu estava naquela situação caótica e que não havia restado nenhuma consequência mais séria para mim ou para a minha embarcação. Eu achava que deveria estar boiando em algum lugar escuro esperando por resgate. Certamente foi o maior sufoco que passei na minha vida. Fiquei abalado emocionalmente pois fui pego de surpresa, sem chance de me preparar para essa porrada. Acho que esta sim foi a maior lição que aprendi. Se depender de mim, em 2014 eu completo a regata dentro do tempo.

Jefferson Neitzke
Atoll 23 – Goludo – CIR – Santos

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Arvoredos - É sempre assim ...

A Regata Volta da Ilha dos Arvoredos é sempre assim: pouco vento, muito vento ou ambos. Foi o que ocorreu novamente neste último sábado. Muito pouco vento até as 17h30 quando entrou sudoeste de 40 nós constante. Resultado: somente 3 veleiros terminaram a regata. Foram aqueles que cruzaram antes ou pouco depois da entrada do ventão: Rudá, Mandinga e H3+. 

Os outros 16 veleiros inscritos, desistiram pela falta de vento, ensolação ou pelo ventão. Após o abandono, vários deles tiveram problemas para retornar aos seus clubes. Alguns tiveram velas rasgadas, mas o principal problema, que exigiu inclusive reboque, foi relacionado à propulsão auxiliar (motor). Alguns veleiros tiveram problemas no motor (Chrispin II, Santeria, ...) e outros ficaram sem combustível (Candão, ...).

Um veleiro Delta 32 que estava somente com parte da genoa aberta teve seu mastro quebrado quando prestava auxílio ao veleiro Santeria. Este, por sua vez, devido a impossibilidade de navegar contra o vento, foi ao seu favor, e informou na manhã de domingo que estava a salvo em Bertioga (ainda não temos detalhes como e quando conseguiu entrar no canal).

Outro veleiro, levado pelo ventão, ficou encalhado na entrada do canal do CING. Ele foi retirado às 4 da manhã, durante a maré cheia.

Veja aqui o resultado da Regata Volta da Ilha dos Arvoredos.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Suunto reafirma apoio à Regata Volta da Ilha dos Arvoredos 2013

Velejadores vencedores serão premiados com equipamentos esportivos de precisão da marca

A Suunto (www.suunto.com), marca finlandesa líder em equipamentos esportivos de precisão apoia pelo segundo ano consecutivo a Regata Volta da Ilha dos Arvoredos, com organização e realização do Iate Clube de Santos. A edição de 2013 acontece no próximo dia 21 de setembro, na sede do ICS, no Guarujá.
Os três primeiros colocados de cada classe - ORC, RGS, RGS CRUISER, e os primeiros colocados da classe CRUZEIRO - categorias A e B, serão premiados com relógios Suunto, apropriados para quem pratica atividades ao ar livre e não quer fazer concessões quando se trata de qualidade, material e funcionalidade do equipamento. Os modelos dispõem de altímetro de precisão, barômetro completo e bússola eletrônica precisa em uma caixa leve e robusta. 
"É um prazer apoiar mais um ano a tradicional Regata Volta da Ilha dos Arvoredos, a Suunto é uma empresa que busca disseminar as mais diversas modalidades esportivas, por isso participa sempre que possível dos eventos que promovem a prática esportiva", afirma Rogério Mandetta, Brand Manager da Suunto.
A premiação acontecerá na sede do ICS, no Guarujá, na noite do dia 28 de setembro.
Para saber mais sobre o evento, acesse: http://icsantos.com.br/
(Da assessoria de imprensa do evento).

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Próximos eventos em Santos

Programe-se para os próximos eventos em Santos.

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21– Regata Volta da Ilha dos Arvoredos

22 - Palestras da ABVC em Santos
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05,06,12,13 – Campeonato Paulista da Classe RGS 

26,27 – Regata Santos Rio


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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Palestras da ABVC em Santos

Encontro das Ilhas e Cruzeiro Lagamar pelo Varadouro (Volnys Bernal)
Pintura de barcos: obras vivas e obras mortas (Raymond Grantham)

Dia: 22 de setembro, das 10h00 às 12h30.
Local: Sede náutica do Clube Internacional de Regatas.
Apoio: Clube Internacional de Regatas.